Entrevista: No Dia do Livro, vereador Ronilço Guerreiro fala sobre projetos de incentivo à leitura

Por Jakson Pereira

Hoje, 23 de abril, é comemorado o Dia do Livro e também o Dia dos Direitos do Autor. Essa data foi criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1995 e a escolha foi por ser a data da morte de três grandes escritores: William Shakespeare, Miguel de Cervantes, e Inca Garcilaso de la Vega.

Um dos maiores incentivadores da leitura no Brasil, o vereador Ronilço Guerreiro, desenvolve vários projetos de incentivo à leitura e nesta entrevista fala um pouco de sua história e de seus sonhos, como por exemplo de fazer de Campo Grande uma cidade de leitores:

Guerreiro, como teve início sua paixão pela leitura?

Quando eu era criança brincava num lixão que tinha perto de casa e um dia encontrei um gibi, velho, do Zé Carioca. Sentei e comecei a ler, viajei no mundo dos quadrinhos e nunca mais parei. Sempre digo que não é que as pessoas não gostam de ler, é que muitas vezes os livros ou gibis não chegam até elas e foi o que aconteceu comigo, com esse gibi que achei iniciei esse amor que tenho pela literatura.

E o pontapé inicial foi a Gibiteca?

Na leitura sim. Sempre tive um contato grande com a educação, tanto que cheguei a fundar uma creche no Jardim Oracília, região do Seminário que moro até hoje. Depois de um tempo essa creche fechou e eu sabia que existia uma Gibiteca em Curitiba (PR) e fui atrás de informações, conheci e busquei parceiros para iniciar o projeto e já são mais de 20 anos. Lembro que bati em muitas portas e recebi diversos nãos, mas com as embaixadas da França e Austrália consegui os primeiros apoios e desde então o projeto só cresceu. Posso dizer que a Gibiteca tem formado gerações, pelo menos no que diz respeito ao incentivo à leitura. Graças a Gibiteca participei de muitos programas de televisão nacionais, como o Esquenta com Regina Casé, É de Casa, programa Encontro, da Fátima Bernardes, entre outros que ajudaram muito a fomentar nossos projetos.

Como foram surgindo os outros projetos?

Precisamos sempre ser criativos e nos reinventarmos sempre. Digo que gratidão é a memória do coração e tenho algumas pessoas e instituições importantes na minha história de luta, por exemplo o Fábio Porchat (ator e comediante) sempre foi um grande apoiador das minhas ideias. Com ele consegui colocar em prática a Gibicicleta, as estantes dos terminais de ônibus e agora ele me ajudou em um novo projeto que é a Freguesia do Livro, uma ideia muito legal e que vai girar as feiras de Campo Grande. Também tem a Vanteca, mas meu sonho era uma Kombi. Um dia abri uma vaquinha social e busquei parceiros, quando cheguei no Sicredi eles disseram que não poderiam me dar a Kombi, mas sim uma Van, e essa doação foi de extrema importância, pois leva os livros para os terminais, gira pela cidade, enfim, temos muitos projetos acontecendo e muitos para acontecer.

Como fazer de Campo Grande uma cidade de leitores?

Olha, estamos caminhando para isso. Nossos projetos visam democratizar os livros, levar o conhecimento para as pessoas. Além dos projetos que já citei, tenho o costume de sair pela cidade esquecendo livros nos carros e tem Livros Carentes, que está parado pela Pandemia. Ainda temos alguns projetos protocolados na Câmara Municipal para virar lei, como o Agentes Comunitários de Leitura que vai fazer um trabalho muito bacana de fomento da leitura e cultura nos bairros. Temos muito para fazer, mas já estamos fazendo, não paramos e não vamos parar.

Mas você acha que essa taxação de livros não didáticos que a Receita Federal propôs ao Governo Federal pode atrapalhar os planos?

Com certeza, mas não vamos deixar isso acontecer. Já tem um grupo trabalhando para que essa ideia não avance. Quem fala que só rico lê não conhece de perto a realidade. Sempre uso como exemplo os terminais, pois colocamos cerca de 2.500 livros por semana e sempre as estantes estão vazias. E quem frequenta os terminais? Com certeza não são os ricos. Então, volto a dizer, não é que as pessoas não gostam de ler, os livros que não chegam até elas e esse projeto da Receita só vai distanciar o livro das pessoas.

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